Alta intensidade: Por que consumir carboidratos?

Quando se fala em elaboração de protocolo nutricional visando o aumento na performance, não considera o esporte e sim o estímulo.  Ou seja, a via metabólica priorizada durante a realização do exercício.

Seja a via ATP-CP (fosfagênio) também conhecido como anaeróbio alático; via da glicólise anaeróbia, também conhecido como anaeróbio lático; e a via aeróbia.

A via do ATP-CP consiste em geração de energia instantânea em demanda de alta intensidade, com alto grau de explosão e menos de 30 segundos de duração. Esportes como corrida de 100 metros, tiros curtos de natação, levantamento de peso olímpico, são característicos dessa via metabólica. O substrato energético utilizado é imediato, o fosfato.

A glicólise anaeróbia é caracterizada também pela alta intensidade. Entretanto, a duração do esforço é maior chegando até 4 minutos. Nessa via, a glicose e glicogênio são as principais fontes de energia e ainda não há a necessidade de oxigênio para sua geração. Esportes como corrida de até 400m, série de musculação e os dois primeiros rounds do HIIT. Nessa via acontece alta liberação de íons de hidrogênio que levam a fadiga por acidose e por isso não é possível manter a intensidade por longos períodos. No CrossFit, muitos WOD possuem utilizam a via anaeróbia, como o Fran, Grace, Karen, Isabel.

A via aeróbia, por sua vez, acontece em períodos onde o esforço é consistente por mais tempo, dependendo de oxigênio para geração de energia. O substrato varia entre glicose/glicogênio e ácidos graxos (gordura). Corridas, esportes de time, natação de longa distância, maratonas, são exemplos de esportes que priorizam essa via. E no CrossFit não é diferente. Como grande parte dos Wods ultrapassam 10 minutos de duração, já não é possível manter a mesma intensidade durante todo o treino, sendo a glicólise aeróbia dominante.

São vários os fatores que precisam ser analisados quando se observa as vias metabólicas, isso porque cada via possui reações diferentes em um processo muito complexo. Por exemplo, para transformar glicose em fonte de energia são 10 reações bioquímicas, cada reação necessita de uma enzima que originará outra substância.

O exercício realizado em alta intensidade sustentado por meio da glicólise anaeróbia, recruta prioritariamente glicogênio armazenado nos músculos, em torno de 95% da geração de energia provém dos carboidratos. Com a diminuição da intensidade e a manutenção do esforço contínuo, glicólise aeróbia, o carboidrato diminui a sua participação no fornecimento de energia, mas mesmo assim ainda é soberano, comandando cerca de 75%, como demonstrado por Gollink (1985) – Figura

Em Resumo, o estímulo determina qual o substrato energético será utilizado e não a alimentação per se. Dependendo da demanda e da pouca oferta de carboidratos, a fim de manter o mínimo de intensidade, o tecido muscular será deteriorado, alimentando a gliconeogênese, processo pelo qual o organismo converte aminoácidos (produto do tecido muscular), lactato, piruvato e glicerol em glicose para sustentar o esforço.

Por isso, coma carboidratos.

Abs, Lincoln Almeida

Fonte: Gollink 1985

Mcardle

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