Consumo de soja aumenta estrogênio?

Por ano são mais de 2 mil estudos publicados a respeito da soja¹ (conteúdo nutricional, agricultura, economia). Desses milhares de estudos publicados, muitos se destacaram por mostrar melhora no colesterol, sintomas da menopausa, tratamento de câncer de mama e próstata.

A confusão começa porque a soja possui isoflavonas (em maior quantidade daidzeína e genisteína), e essas substâncias possuem afinidade pelos receptores Beta-estradiol no organismo humano. Porém, a ação das isoflavonas é 1.000 a 10.000 vezes menor que a do estradiol.

Um relato de caso ganhou atenção[2] na década passada por relacionar alto consumo de soja com ginecomastia em UM homem de 60 anos, naturalmente com baixa produção de testosterona e consumindo em média 2.8 litros de leite de soja por dia (360mg de isoflavonas).

Para se ter noção, asiáticos, que mais consomem soja e derivados no mundo, possuem consumo médio de 45mg de isoflavonas dia [1]. Os próprios autores [2] colocaram na conclusão “Este é um caso muito incomum de ginecomastia relacionada à ingestão de produtos de soja”. E resultados não foram repetidos.

Contrapondo isso, uma revisão apurou dados de 47 estudos utilizando doses de até 150mg/dia de isoflavonas e não notaram efeitos de queda na testosterona de homens saudáveis, o que poderia levar a desenvolvimento de características femininas[3]

Vamos aos fatos, relatos de casos precisam ser analisados de maneira isolada, compreendendo todos os fatores que podem levar ao resultado.

Aos amigos vegetarianos saudáveis, fiquem tranquilos, a maioria dos estudos mostram que o consumo de Soja não afeta significativamente seu perfil hormonal. Excessos fazem mal.

Abs, Lincoln Almeida

1- Messin, M. soy and health update: evaluation of de clinical and epidemiologic literature. Nutrients.2016

2- Martinez, Lewi. An unusual case of gynecomastia associated with soy product consumption.Endocr Pract. 2008

3- Reeves et al. Clinical studies show no effects of soy protein or isoflavones on reproductive hormones in men: results
of a meta-analysis,

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