Restrição calórica pode engordar

A restrição calórica pode fazê-lo engordar e piorar a sua composição corporal. O cérebro é um dos mais afetados quando decidimos entrar em privação alimentar. Aqueles desejos por açúcar e carboidratos refinados, irritabilidade, ansiedade que chamamos de ‘carb cravings’… Tudo isto são sintomas relatados por pessoas que passam por período de privação alimentar. Será apenas uma questão de força de vontade? Ou haverá algo alterações bioquímicas em tudo isto? Estudos mostram que a privação energética provoca reduções nos níveis plasmáticos de leptina (hormônio da saciedade) e de triptofano (precursor da serotonina, neurotransmissor de relaxamento e bem-estar).

O maior número de receptores de serotonina não estão no cérebro, e sim no intestino. E, se a serotonina baixa, o organismo “deseja” loucamente por alimentos que a estimulem. E nada melhor para isto do que um pacote de oreo, chocolate, balas, leite condensado, pão francês…

Em privação energética prolongada, o nosso organismo responde ajustando os níveis de massa magra, capacidade de absorção e taxa metabólica. Entramos em “modo de sobrevivência”. Na real TUDO altera a TMB, de excesso de atividade física até a falta dela. O corpo sempre responde ao gasto energético regulando-o para mais ou para menos. E foi assim que chegamos aqui. Inclusive, há genes pró-obesidade que mediante uma restrição calórica, causam redução do metabolismo basal e atrasam a recuperação dele quando a pessoa volta a recuperar o peso. Ou seja, se antes a TMB era 1600 kcal depois da perda de peso ela cai pra 1300 kcal. Até voltar para 1600 kcal novamente, os kgs perdidos já foram recuperados, e a TMB, nada.

Em parte, isso é devido a uma redução da síntese de hormônios tireoideanos, especialmente o T3. A tireóide produz T4, em resposta ao estímulo do TSH. O T3 é o hormônio metabolicamente ativo, para isso é necessário converter T4 em T3. A enzima que que realiza essa conversão é a deiodinase 1. Porém o T4 pode ser convertido em T3 reverso pela enzima deiodinase 3, e assim T3 reverso é rapidamente eliminado pelo organismo. A D3 é um mecanismo que controla a função das hormônios da tireóide, reduzindo a sua ação em situações de excesso ou quando é necessário uma redução da taxa metabólica para compensar o balanço negativo.

Infelizmente essa é a resposta fisiológica normal à privação energética. Numa perspectiva evolutiva, a gordura é um “seguro de sobrevivência” que o nosso corpo não QUER perder e faz de tudo para recuperar.

O hipotiroidismo passa muitas vezes despercebido durante uma privação energética crônica causada por dietas hipocalóricas e estresse físico.

Sinais comuns de hipotiroidismo são o ganho de gordura e dificuldade em perdê-lo, intolerância ao frio, fadiga, depressão, cabelo seco e quebradiço, constipação, irregularidades menstruais, reflexos musculares lentos e fraqueza.

E a solução para esse estado poupador? Comer mais, treinar menos, repousar mais. Aliviar o estresse induzido ao organismo. O aumento da ingestão calórica é essencial. MAS CUIDADO, muito cuidado, essas alterações devem ser realizados por um nutricionista de forma gradual para evitar ganhos excessivos de gordura. É difícil de aceitar nós sabemos, mas muitas vezes precisamos de dar um passo atrás para depois dar dois em frente. .
E o mais engraçado disso tudo, é que quem causa aumento da conversão de T4 em T3 é o carboidrato.

É por isto que não sou a favor de restrições calóricas PROLONGADAS. Quando o objetivo é otimizar a composição corporal, o resultado pode ser o inverso: e aumentar a relação gordura/músculo. A restrição calórica é importante em situações especificas, por curtos períodos e ciclicamente. Caso contrário vc entra modo poupador.

RESULTADO>gordura, não refletida peso, mas sim na relação gordura/músculo, longe do que se espera e do que se deseja.

 

Texto de Thais Fernandes

@nutritahisfernandes

 

 

1 comentário em “Restrição calórica pode engordar

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